sexta-feira

PRIMEIRA AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE ORIENTAÇÃO VOCACIONAL DESENVOLVIDAS

Para muitos jovens, o processo de escolha por uma das opções/alternativas que o sistema de ensino português oferece representa frequentemente fonte de conflito. Tanto no plano cognitivo como no plano afetivo está em jogo a tomada de uma opção de consequências em grande parte irreversíveis comportando a renúncia a potencialidades igualmente viáveis. Em muitos casos, a escolha por um curso ou por uma profissão é vivida como uma limitação de ser e, por conseguinte, como um conflito de desenvolvimento.

No domínio da Orientação Vocacional, os CQEP da COOPETAPE organizam um conjunto articulado de atividades a desenvolver ao longo de um percurso temporal que poderá coincidir com o ano letivo. Por intermédio desse conjunto de atividades, os jovens ensaiam e treinam o comportamento de planeamento estratégico de formulação de objetivos, de articulação de diversas informações úteis à organização de uma estrutura de meios-fins, indispensável ao autoconhecimento, à fundamentação de escolhas e à construção de um projeto de vida.

No ano letivo 2013.2014, os CQEP da COOPETAPE assumiram o processo de Orientação Vocacional das turmas de 9.º ano de duas escolas: EBI de Fragoso e ETAP - Escola Profissional. 
O trabalho de Orientação Vocacional desenvolvido apresentou como objetivos:
  1. Promover a maturidade vocacional do jovem;
  2. Permitir a compreensão das variáveis contextuais que influem nas escolhas vocacionais;
  3. Permitir a identificação da noção do conceito de si próprio e dos elementos que o integram (aptidões, interesses, entre outros);
  4. Permitir a identificação das atitudes, conhecimentos e capacidades necessárias à resolução das tarefas de desenvolvimento que se colocam na transição do 9.º ano para o 10.º ano de escolaridade, para a prossecução de estudos;
  5. Permitir o conhecimento da área profissional de interesse dos alunos (características das profissões e alternativas de formação);
  6. Permitir a identificação das alternativas de formação escolar e profissional que dão acesso ao exercício das profissões;
  7. Permitir o conhecimento das diversas realidades profissionais e laborais;
  8. Promover a tomada de decisão.
A 1 de julho de 2014 já se encontravam encaminhados 74 jovens para diferentes ofertas de educação e formação. Assim, 6 meses após esse encaminhamento, os CQEP iniciaram um processo de monitorização e acompanhamento do percurso de qualificação dos jovens em questão, através de uma avaliação por inquérito (instrumento criado para o efeito).

II - PROCEDIMENTO
Numa primeira fase (entre 12 e 16 de janeiro) os jovens foram contactados via telefone. Àqueles com quem não foi possível estabelecer contacto telefónico, o inquérito, acompanhado de um envelope RSF, foi enviado via postal.
Até ao dia 22 de janeiro de 2015, foram obtidas 60 respostas, o que equivale a uma taxa de resposta de 81%.

III – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
A análise dos resultados tem como propósito aferir: (1) o desvio (ou não) da trajetória definida; (2) razões para o eventual desvio; (3) grau de satisfação com o percurso seguido e (4) grau de satisfação com o trabalho de orientação vocacional desenvolvido pela equipa do CQEP.

Expetativas/Satisfação com o Percurso Seguido

Tabela 1 – O curso que frequentas tem correspondido às tuas expetativas?


Frequency
Percent
Valid Percent
Cumulative Percent
Valid
Sim
56
93,3
93,3
93,3
Não
4
6,7
6,7
100,0
Total
60
100,0
100,0












Inquiridos os jovens relativamente ao percurso seguido e à concretização das suas expetativas, constatou-se que 93,3% encontrou correspondência total entre o que esperava e a realidade (frequência do curso). Consequente, os índices de satisfação são bastante razoáveis: 45% dos jovens dizem estar "muito satisfeitos" e 51,7% "satisfeitos", como é possível observar na tabela 2

Tabela 2 – Como avalias o teu grau de satisfação em relação a esse mesmo curso?


Frequency
Percent
Valid Percent
Cumulative Percent
Valid
Muito Satisfeito
27
45,0
45,0
45,0
Satisfeito
31
51,7
51,7
96,7
Pouco Satisfeito
1
1,7
1,7
98,3
Nada Satisfeito
1
1,7
1,7
100,0
Total
60
100,0
100,0










         

 1 = Muito Satisfeito; 2= satisfeito; 3=Pouco satisfeito; 4= Nada Satisfeito

Cumprimento ou Desvio das Trajetórias Definidas

Tabela 3 – A tua escolha/decisão corresponde àquela que definiste com o/a psicólogo/a aquando do processo de orientação vocacional?


Frequency
Percent
Valid Percent
Cumulative Percent
Valid
Sim
42
70,0
70,0
70,0
Não
18
30,0
30,0
100,0
Total
60
100,0
100,0














Como é possível observar pela leitura da tabela 3, 18% dos jovens acabaram por seguir outros percursos que não os definidos aquando da elaboração do Plano Individual de Carreira (PIC).

Razões apontadas para o desvio:
  • Localização Geográfica/Distância;
  • Horários
  • Opção por plano inicial;
  • Resultados escolares não congruentes com as exigências do percurso pretendido;
  • Identificação com outro percurso;
  • Inexistência do curso pretendido na escola de preferência;
  • Opção por percurso que à partida lhe mantém “mais portas abertas”;
  • Não abertura do curso pretendido.

Satisfação com o trabalho de Orientação Vocacional desenvolvido pela equipa do CQEP
Os jovens quando inquiridos quanto ao grau de satisfação para com o trabalho de Orientação Vocacional que lhes foi facultado, assumiram estar satisfeitos. Como é possível verificar pela leitura da tabela 4, 53,3% manifestaram estar muito satisfeitos e 46,7% satisfeitos.

Tabela 4 – Como avalias o teu grau de satisfação com o programa de orientação vocacional que frequentaste?


Frequency
Percent
Valid Percent
Cumulative Percent
Valid
Muito Satisfeito
32
53,3
53,3
53,3
Satisfeito
28
46,7
46,7
100,0
Total
60
100,0
100,0











1 = Muito Satisfeito; 2= satisfeito; 3=Pouco satisfeito; 4= Nada Satisfeito

IV – CONCLUSÕES
Considerando os resultados expostos é possível concluir-se:
  • No geral, os resultados revelam a eficácia do programa, cumprindo os objetivos a que se propôs.
  • Alguns dos motivos que levaram jovens a alterarem a trajetória definida estavam identificados, mas apenas surgiram como obstáculos pós processo de orientação. Pelo que se pode inferir que, eventualmente, os jovens acabaram por ceder a possíveis pressões: influência de pares, por exemplo. De referir que em todos os casos foi trabalhada uma segunda opção para salvaguardar eventuais constrangimentos, como a não abertura de curso.
  • Aos jovens que se manifestaram insatisfeitos com o percurso seguido foi-lhes sugerido retornarem aos CQEP com o objetivo de as equipas os ajudarem na redefinição de projeto, caso se assuma como necessário.


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